Subo nas escadas, passo,
Passa a passa,
Por todas as cores
Do que chamam ilusões
Agarro as mortas flores
Da telha fria
Desço do telhado
Esperei sempre, sempre
Voar e não cair
E quando finalmente
Se aproxima o chão
Entro numa queda leda,tão lenta,
Tão incrivelmente lenta
que quando o sol determinado, Impiedoso:
me esmaga os músculos e os ossos
As veias artérias e os tendões,
fá-lo tão lentamente
que a dor não vem
no corpo que não é meu,
Na vida que não é minha ,
Nem de Ninguém.
Porque o tempo da queda
Ultrapassou o do mundo
E ao bater no solo
Bati no nada
Cortando o nada com o nada
Eu anjo insubstancial
De Nada Feito
Sem Antes nem Depois
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